Por Maria Elizabete da Silva
Desde o seu surgimento nos anos 90, até o seu auge nos anos 2000, o Yahoo! Foi uma das empresas mais relevantes da internet, com milhões e milhões de usuários e acessos de pessoas ao redor do mundo em seus portais e plataformas de e-mail. A ampla gama de serviços disponibilizados fez do Yahoo! Uma das marcas mais valiosas do mundo em dado momento, até perder espaço para outras gigantes como Google e Facebook.
Do ponto de vista empresarial, a Yahoo! Foi um exemplo de como uma má condução e execução do seu planejamento estratégico pode definir o futuro da empresa e as suas perspectivas, pontos de grande relevância a serem considerados em análises qualitativas sobre empresas além de seus valuations convencionais, sempre que possível.
Se a empresa estivesse preparada em seu horizonte estratégico para identificar as mudanças do mercado, os potenciais concorrentes e as tendências tecnológicas, possivelmente a sua história seria outra.
Dentre outros problemas que surgiram, um que ganhou destaque foi a falta de habilidade em transformar a gigantesca base de usuários, em um ativo rentável. A empresa não conseguiu desenvolver seu modelo de negócio de maneira a monetizar sua ampla base de usuários, e perdeu grandes oportunidades para desenvolvimento e expansão, enquanto concorrentes que surgiam com modelos inovadores, a empresa perdia espaço e oportunidade de se manter competitiva.
O ponto é entender quais aspectos empresariais contribuíram para a derrocada da empresa. Dentre eles, um dos grandes problemas foi a alta rotatividade de CEOs. Mudanças frequentes ao longo dos anos fizeram com que a empresa não conseguisse desenvolver uma estratégia empresarial consistente de longo prazo, sempre mudando a rota e parando no planejamento sem executar as ações e objetivos traçados pela sua alta governança. No caso do Yahoo! Cada novo CEO tinha uma visão estratégica com aspectos muitas vezes distintos, resultando em constantes alterações nas prioridades de investimentos, orçamento e desenvolvimento, levando a falta de alinhamento dos funcionários sobre os objetivos e metas da empresa.
A falta de estabilidade dos C’ levels contribuía com um aumento na percepção de risco pelo mercado e investidores, gerando alta volatilidade nas ações da empresa e à perda progressiva da confiança dos investidores na capacidade da empresa em gerar caixa, além da falta de resiliência e potencial de recuperação.
Como consequência, a empresa passou a enfrentar dificuldades em atrair e reter talentos, tendo custos mais elevados para manter profissionais de qualidade semelhante em outras empresas com melhores perspectivas, o que começou a refletir negativamente em indicadores de receita, lucratividade e eficiência operacional.
Em linhas gerais, ferramentas de planejamento estratégico servem para subsidiar análises de empresas buscando identificar de maneira qualitativa e quantitativa aspectos intangíveis relacionados à cultura e planejamento da organização.
Indicadores de receita e lucratividade estagnados ou consistentemente abaixo dos anos anteriores podem revelar problemas com a estratégia de negócios. Enquanto isso, indicadores de ROI são capazes de auxiliar em uma análise sobre a eficiência e efetividade dos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e marketing. Se os investimentos não estiverem atingindo retornos adequados, isso pode indicar falta de planejamento estratégico consistente da empresa.
A análise de SWOT pode sinalizar se a empresa está capitalizando suas vantagens competitivas em relação à concorrência, e mitigando os riscos inerentes do negócio.
Há uma infinidade de análises possíveis no ambiente empresarial relativos a modelagem de planejamento estratégico, cada uma com suas especificidades, pontos fortes e limitações.
É importante que empresas estabeleçam modelos voltados a horizontes estratégicos traçando desafios empresariais e medindo seus avanços e fracassos de maneira consistente.
Avaliar empresas vai muito além dos números de um balanço patrimonial, mas requer uma compreensão profunda dos fundamentos do negócio, uma visão clara sobre sua posição estratégica no mercado, e uma análise crítica sobre a condução da liderança. Empresas líderes de mercado hoje podem se tornar obsoletas amanhã se não conseguem se antecipar ou se adaptar às mudanças impostas pelo ambiente competitivo.
Ao avaliar uma empresa, é importante destacar a relevância da análise sobre o potencial de inovação, resiliência e habilidade de uma empresa em se manter relevante em diferentes cenários de concorrência.
Ao analisar o caso do Yahoo! A lição que fica é que a falta de capacidade de enfrentar os seus desafios estratégicos e de liderança sinalizam uma dura realidade, e aqui aplica-se a todas as empresas: O Sucesso de Hoje não Garante o de Amanhã!