Lições de uma Due Dilligence: Insights sobre Seleção de Investimentos e Cultura Organizacional

 

Por: Sérgio Magalhães


Hoje vou contar uma história que tem uma dose de experiência própria, com um toque de ‘dizem por aí’ e uma pitada de ‘fofoca corporativa’, que alguém que vive o dia a dia da gestão de investimentos poderia experienciar.


O Processo de Seleção: Uma Análise Qualitativa

Certa vez, durante mais um processo de seleção de fundos, o time deste fundo de pensão estava pronto para avançar à fase de análise qualitativa. O objetivo era compreender os excelentes resultados de um determinado investimento e buscar entender a probabilidade de os analistas e gestores responsáveis permanecerem engajados e focados em repetir a excelente performance passada, no futuro próximo.


As Perguntas Básicas sobre Rotatividade e Estrutura Societária

Para isso, foram realizadas algumas perguntas básicas sobre turnover e sobre a adoção de uma estrutura de partnership para os analistas, gestores e sócios. Apesar de uma questão específica ter levado à decisão de não investir naquele fundo, o desempenho futuro foi monitorado de perto.


Aprendendo com o Monitoramento

O futuro nos revelou que as perguntas inicialmente feitas não captariam totalmente o potencial de engajamento futuro da equipe. Ao invés das tradicionais abordagens de praxe, se o processo tivesse sido direcionado para analisar as perspectivas da asset em relação aos projetos futuros, a visão poderia ter sido mais completa. Mais uma para o caderninho de aprendizados.


Partnership não é atestado de engajamento e alinhamento de interesses

Embora a estrutura de partnership seja frequentemente valorizada por alinhar interesses individuais com os da empresa, isso por si só, não garante o engajamento a longo prazo. Entender a visão estratégica da empresa, seus planos de crescimento e os projetos em andamento é fundamental para avaliar a sustentabilidade e a motivação da equipe.


Entender a Cultura Organizacional Faz a Diferença

Ficou claro que o desenvolvimento de mecanismos para avaliar a cultura organizacional em relação à pressão por resultados, cultura ética e a possível toxicidade do ambiente de trabalho pode oferecer insights valiosos na decisão de investir ou desinvestir. Culturas baseadas em modelos “high performance culture” quando identificados, podem sinalizar problemas subjacentes.


Pressão Excessiva por Resultados: Mais do que Desempenho

A pressão excessiva por resultados pode levar a um ambiente insalubre, afetando negativamente o desempenho, a inovação e a retenção de talentos. 

Resultado a qualquer custo prejudica a visão de longo prazo, negligencia os processos, afeta a gestão de riscos, aumenta os riscos éticos e de compliance. 

É como desativar o antivírus do computador e clicar em um link de spam, esperando não sofrer nenhum dano e depois reclamar que o sistema está lento.


Cultura Ética que Promove Engajamento e Transparência são Chaves para o Sucesso

Já uma cultura onde metas e estratégias são claramente comunicadas e onde os funcionários se sentem valorizados e ouvidos tende a manter a equipe alinhada e com melhor desempenho. A transparência nas decisões estratégicas e o reconhecimento das contribuições individuais são fatores-chave para manter os profissionais motivados.


Indo Além das Métricas Tradicionais

Essas experiências demonstram que para avaliar o risco de um fundo de forma mais precisa, é necessário considerar algo além das métricas tradicionais. Compreender a cultura organizacional, as perspectivas de crescimento e os planos estratégicos da empresa são fundamentais para prever a estabilidade e o desempenho futuro. 

Analisar como a empresa lida com a pressão por resultados e identificar sinais de um ambiente tóxico pode salvar seu investimento.


Resumindo

A cultura de uma empresa é a trama e o enredo onde as histórias de sucesso são tecidas. Os números e indicadores resumem essas narrativas, mas são as pessoas que escrevem os capítulos mais importantes.



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