Dança dos Bilhões: sua asset está pronta para os Fundos de Pensão?

Por: Sérgio Magalhães

Em 2023 as Entidades Fechadas de Previdência Complementar totalizaram R$1,156 trilhões em recursos investidos. É um belíssimo bolo de vários andares, e por isso se engana quem acha que tirar uma boa fatia é rápido ou fácil. A tarefa requer muita paciência, cuidado e exige que se estabeleça uma relação de confiança entre Gestoras de Recursos e as Entidades. 

Primeiro, há um movimento de concentração nos últimos anos, com muitas Entidades sendo incorporadas por outras maiores. Em 2018 eram mais de 300 Entidades, em 2023, esse número reduziu para 278. 60% dos ativos do sistema estão concentrados nas 10 maiores Entidades.

Segundo, é necessário entender o processo de investimentos da fundação. O tipo e volume do investimento modificam as alçadas de decisão e o processo de governança, e a depender podem requerer mais ou menos diligências, relatórios e discussões em Comitês, Reuniões de Diretoria e Conselhos. 

Quanto mais instâncias na governança, maior a distância para o conhecimento técnico em relação às expectativas de risco e retorno, e maior a necessidade de confiança, confirmações, validações através de compliance

Como disse Howard Marks em The Most Important Things: é crucial não apenas estar certo, mas também estar certo no momento certo, pois a oportunidade é frequentemente uma aliada da sabedoria. 

Decisões corretas em momentos errados, ou decisões erradas em momentos bons, podem gerar bastante dor de cabeça aos gestores e conselheiros no futuro, e as assets precisam entender, e ajudar no que for preciso para dar subsídios ao ato regular de gestão, quando necessário for. 

Resumindo, o Conselheiro que aprova um investimento está preocupado em ter que explicar sua decisão no futuro, e é bom que ele tenha ciência de todos os riscos, e principalmente, que saiba que não estará sozinho caso o investimento dê errado, seja por motivo A ou por motivo B.

Um erro comum das gestoras é não se antenar antecipadamente aos processos de investimentos, acreditando que apenas uma apresentação, ou visita, serão suficientes para convencer a entidade a dedicar uma parcela de seus recursos ao seu produto. 

Fundamental mesmo é entender o momento da fundação, critérios, exigências para alocação de recursos, os resultados esperados, as métricas de retorno, as métricas de risco, quais as janelas de tempo observadas, qual o papel de cada instância de governança no processo decisório, o que a fundação leva em consideração na sua análise qualitativa, e os volumes de alocação para cada estratégia, antes de oferecer um produto. Fazer o dever de casa antes dá melhores perspectivas de uma abordagem assertiva, clara e oportuna, além de gerar um genuíno interesse do cliente, ao invés de uma vaga conversa por mera educação. 

Por último e não menos importante: Fundos de Pensão realizam em geral investimentos em Títulos Públicos Federais, diretamente ou através de fundos, onde historicamente predominam alocações acima de 80% do patrimônio investido. O que sobra, a depender do apetite a risco da Entidade, vira espaço para crédito, renda variável, investimentos alternativos, multimercado, FIPs, Exterior, Imobiliário e Operações com Participantes. 

Independentemente de ser um gestor especializado em outros tipos de ativo, uma visão sobre o que vai acontecer com os títulos públicos, insights sobre curva de juros, conversas informais sobre a gestão do caixa do seu fundo de renda variável, pode ser muito mais efetivo do que um brinde, por exemplo. O importante é que o foco do relacionamento deve ser o alinhamento de Propósitos entre gestoras de recursos e entidades de previdência, e uma excelente forma para se estabelecer uma relação duradoura e de confiança é a troca de conhecimento e informações. 

Moral da história, quer se aproximar de um fundo de pensão¿ Ajude na renda fixa! 

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